sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Férias ou nem por isso...

Férias...o que são férias? No dicionário, férias são "dias de suspensão dos trabalhos oficiais; folga; descanso, repouso".
Para mim as férias estão a ser um bocadinho de tudo isso, porém, as duas últimas palavras são as mais adequadas para descrever este estado de ócio profundo.
Como o Jericho relatou, a tal da intervenção cirúrgica às amígdalas lixou-me a vida, sendo que a matança ocorreu exactamente a meio das tão esperadas férias. Bahh não podia ser pior. Desde então, barricada na aldeola dita Encarnação, não faço nada além de dormir, comer, ver uns filmes, enfim, tento sobreviver.
Viver numa aldeia, na minha significa viver no campo, perto de pequenos centros urbanos, onde se vê algumas pessoas minimamente civilizadas, é sobreviver, sublinho, sobreviver e não viver. Viver, para mim, implica fazer-se aquilo que se gosta, ter prazer naquilo que se faz a cada momento. E, confesso, ultimamente as minhas vivências têm sido fruto das circunstâncias e não da minha vontade, sobrevivo porque faço aquilo que tenho de fazer mas não aquilo que quero realmente fazer. Logo, é uma espécie de sobrevivência. Vontades: ir á praia (coisa que ainda não pude fazer porque não posso apanhar sol, etc), comer tudo aquilo que me apetecesse (népia, comes gelados e iogurtes, bebes suminhos, depois podes comer umas sopitas), beber umas fresquinhas ao pôr do sol numa esplanada virada para o mar (não podes apanhar frio e não podes ingerir bebidas alcoólicas), ter um metro no final da minha rua para me levar onde eu quisesse (nem pensar, não tens carta de condução, mas tens um carro disponível na garagem ..e que tal rouba-lo?!), ter uma loja de conveniência ao lado de minha casa (nunca, irás sempre beber uma bica ao café da esquina mas só até X horas porque depois aquilo fecha)…e continuava aqui a escrever e a escrever aquilo que me apeteceu durante estes dias e que me não foi possível concretizar. Enfim, há quem diga que o ser humano é insatisfeito por natureza, isso é bem capaz de ser verdade. Quando tive sensivelmente um dia no Centro Hospitalar de Torres Vedras o meu desejo era vir para casa. Agora almejava, apenas, que … por exemplo, um dos pisos de minha casa, tem apenas dois, permanecesse aqui (Encarnação) e o outro piso podia ir algures para Lisboa, bem, eu escolheria uma zona mais central, e muitos dos meus problemas seriam resolvidos. Teria uma casa de férias, onde a minha mãe ficaria permanentemente em férias da Viv, e uma casa citadina, no centro da confusão e dos sinais de vida.
Apreciar a natureza é bom, sinto-me pequena ao observar o céu estrelado daqui, mas sair á rua e ter de sentir o delicado e encantador aroma das vaquinhas e dos porquinhos não é assim tão agradável. Comprar um jornal diário ou uma revista também não é tarefa fácil sem um veículo a motor disponível. Ter acesso a internet a uma velocidade do caraças também é um desejo longínquo, o problema é sempre a cobertura! E o que dizer de uma tarde inteira sem electricidade R4?! Pois é, tu tomaste uma semi-banhoca com água fria, eu tive uma tarde inteira sem fazer nada, é que tudo, ou quase tudo é electrónico. Quando sabes que vais ser privado desse bem, preparas-te, faz sentido, e quando não fazes a mínima ideia de que não vais quase poder beber um leitinho quente?! Pois é, será que ainda sabemos que se pode aquecer leite no fogão?! Sim, sabemos, mas também pensamos no imenso trabalho que isso dá e, como aconteceu comigo, perde-se logo a vontade de degustar o leite morninho com chocolate.
É muito bom sobreviver numa aldeia, pois é, principalmente quando se está de férias, porém, há que saber conviver com o facto de que aqui se está privado de algumas coisitas. Ou vens preparado psicologicamente ou o cheiro a merda dá-te a volta à cabeça. Ou trazes contigo tudo aquilo que te faz falta, aquilo que consegues trazer pelo menos, ou vais desejar a cada minuto sair daqui. Ou então acabas por gostar disto…

Confesso que não vim para aqui preparada psicologicamente e que o cheiro a merda que entra pela brecha da porta, às 3:43 da noite, atrofia-me fortemente o pensamento, por isso não estranhem o tamanho do post e o seu conteúdo um tanto merdoso.

2 comentários:

r4 disse...

Para quem se habituou a viver no centro de uma capital que (embora pequenina) é uma aventura todos os dias deve custar imenso aturar a pasmaceira do campo. Pensa nisso como um teste à tua capacidade de... vegetar?

Acredita que mesmo não tendo passado por metade do que estás a passar, eu te compreendo perfeitamente. Durante o tempo que estive em Sesimbra tudo o que fiz foi vegetar e esperar que chegasse o próximo dia.

Anónimo disse...

Cara Viv...
Oh se percebo o que escreveste! Xeguei ontem cedo à Maljoga e ja estou pelos cabelos. as minhas costas, que se sentem tao revoltosas quanto eu, deram sinal de vida! entao, apos 30 e poukas horas depois de chegar a esta aldeia nos confins do mundo ja estou xata, enervada, com dores e com vontade de bater (alvo preferencial: os meus 3 sobrinhos). enfim, é tudo muito bonito e tal, os franceses inundaram aqui a zona com as suas tradiçoes (uma arca termika xeia de bejecas para a ribeira, 3 cordoes de ouro no pescoço e meia duzia de crianças mal educadas debaixo dos braços)... mas isto cansa. ainda nem desfiz a mala, tal é a minha vontade de voltar para longe, preferencialmente para a tal residencia desarrumada, com baratas e de reduzidas dimensoes que tanto gosto... mas pelo menos, é em Lisboa..!
Viv, já faltou mais para xegar Setembro!! Estou solidária! :P