terça-feira, 14 de setembro de 2010

Redes Sociais, Jericós e o blá blá blá!

Longe vai o tempo em que eu, um pré-adolescente, corria semanalmente para o edifício da Portugal Telecom na Av. Fontes Pereira de Melo, naquela ânsia de me sentar à frente de um computador, com o objectivo de experimentar o último grito (neste caso o primeiro!) em termos de comunicação, o IRC (ou Mirc? Nunca percebi lá muito bem a diferença…)!

Mas que raio? Qual a razão para esta corrida, mas principalmente, porque é que ia eu para o edifício da PT na Fontes Pereira de Melo…ansioso? É simples. Em primeiro lugar, aquilo a que hoje chamamos de chat (na altura isto era uma palavrão que ninguém tinha sequer ouvido falar…) estava na moda, sobretudo porque na mesma sala se conseguia juntar um conjunto de almas muito iluminadas, na expectativa de”comunicar” com alguém através de um PC ( a quantidade de nerds que partilhavam aquele espaço era deveras assustador…). Uiii, que excitação! Em segundo lugar, aquilo que hoje é um bem que passa quase por despercebido entre nós era praticamente inacessível para a generalidade das pessoas: a Internet. Para terem uma noção, 1 hora de chat (na realidade era 1 hora de Internet, mas para que é que o pessoal queria Internet nessa altura? Sites? emails? O que era isso?) custava aproximadamente 800 escudos (era muita massa para um puto com 14 ou 15 anos…). Bem, continuando com o meu raciocínio, lá ia eu semanalmente para o chat tentar “comunicar” com alguém que poderia ser, hipoteticamente, qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo. Costumava ir em grupo, ou seja, não era eu a única alma desvairada a tentar “comunicar” com alguém a através de um PC. Era uma lógica de amigos: íamos para o chat como se fossemos para o café. Provavelmente, as duas meninas que vão ler isto não passaram pela mesma descoberta que eu, até porque são mais novas (SIM, UM ou DOIS anos fazem MUITA diferença nestas coisas, está bem?), mas o rapazinho que irá igualmente ler este texto virtuoso, ir-se-á lembrar com certeza: Porra, pensava eu que era o único NERD da quadratura! Ufa, já me safei!”

Um pormenor curioso é que foi aí, nesse mesmo sítio, que nasceu o nick (o nickname) jericho. Tinha de arranjar qualquer coisa e na altura essa música dos Prodigy não me saia da cabeça.

Os tempos mudam (e muito!). Quem diria que, uns anos depois, aquele palavrão Internet estaria disponível para o consumo de qualquer mortal? Pois é, tornou-se acessível e a moda agora passava a ser o MSN Messenger.

- Opah, vai lá ao MSN pá gente falar!

Quantos de vocês se lembram disto, hein?

As meninas já se devem lembrar…tudo o que era amigo ia parar ao Messenger, para uma vez mais, ir para o chat.

A lógica não mudou. Durante muitos anos, todos nós utilizámos o chat (não havia dinheirinho no telelé para chamada ou SMS) para pôr a conversa em dia, combinar qualquer coisa, ou até para estudar (sim, também se estudava via Messenger, lembram-se?)!

Continuando, as lógicas não mudam…Isto sim era o início daquilo a que hoje se chama de Rede Social! (Phfuu! Rede Social...quem é que se lembrou disto? Talvez um sociólogo frustrado com qualquer coisa, que decidiu que o conceito de Rede + Social iria pegar…e pegou!)

Partilhavam-se ficheiros, enviavam-se bonequinhos e até se podia conversar por voz ou videoconferência. O Messenger era o maior!

Foi preciso vir um iluminado (e o conceito de Web 2.0) para se começar a chamar Rede Social a um chat.

O MSN saiu de moda, é verdade. Mas muito se deve a esse palavrão de Rede Social, que ultrapassou a palavra chat. (Tretas! Servem para a mesma coisa)

Um gajo mais novo do que nós teve uma ideia magnífica, aproveitando os recursos que a faculdade lhe dava. Mais, acho que roubou a ideia a uma série de colegas, mas pagou-lhes para ficarem caladinhos (segundo as minhas fontes…). Meteu uns joguinhos pelo meio (farmville blahhhkgggghhhh!), com quintas e tal, e a moda passou a ser o Facebook, um monstro da privacidade. Qual é a lógica disto? O que é que o Facebook tem assim de mais relevante que o Messenger?

Está na moda! E por estar na moda, desprestigiou a ferramenta mais utilizada até à data: a do blá blá blá.

Quem é que se importava há 10 anos atrás, com a “política de privacidade?”

Quem vai tramar o facebook, já que o facebook tramou o Messenger?

2 comentários:

r4 disse...

Ora aí está uma boa maneira de olhar para a coisa. Desde a sua origem que a Internet se comporta como um ser vivo que evolui conforme as necessidades dos utilizadores. Muitas das suas mutações ficam pelo caminho, mas há sempre umas que prevalecem. O Facebook conquistou o espaço do Hi5 aqui entre nós, tugas; tal como o Messenger conquistou o mIRC; etc.

Mas toda e qualquer fórmula de sucesso tem que adoptar a mutação.

E nesse aspecto, a medalha de ouro vai para o Google. Desde que destronou outros motores de busca, como o Altavista ou o Yahoo!, não parou de evoluir. São ideias de sucesso (Docs/Picasa/Instant/Reader), e outras nem tanto (Wave, Buzz), que fazem deste monstro um campeão da Internet! Ideias e dinheiro - não fossem as compras do Blogger e Youtube, entre outras.

Já o Facebook não tem sido capaz de acompanhar a obsessão dos utilizadores. Se não inova, não prevalece e acaba por morrer. Ainda hoje me diziam: «Estou um bocado farta do Facebook». Eu respondi: «Pois...». Tivesse eu lido este teu post antes e a minha resposta teria sido outra.

E sim, a «Rede social» teve origem nos mIRC's da vida, coisa que a maioria dos utilizadores das redes actuais nunca teve a oportunidade de experimentar. Também o R4 nasceu no mIRC.

Ficamos à espera do próximo atleta de alta competição. Amanhã estreia o Diaspora, vamos lá ver no que dá.

Mas porra, pensava eu que era o único NERD da quadratura! Ufa, já me safei!

R4

bilma disse...

Eu não me considero minimamente nerd e também ia ao mirc na biblioteca da escola. Jericó não te armes em paternalista tá bem?
E R4 não precisas de assinar no fim a gente já viu lá me cima a dizer R4.