segunda-feira, 16 de junho de 2008

A Bilma no estrangeiro

Oito meses depois, e quase de volta a terras lusitanas aqui estão os amores, as saudades, as dificuldades, os problemas linguísticos de ser uma imigrante na República Checa.

Ao princípio, por ser novidade as dificuldades são sentidas de forma menos intensa e com boa disposição. Uma simples ida ao supermercado pode-se tornar num imbróglio de palavras checas e inglesas infindável. Por exemplo, quando vou a pagar esqueço-me de pesar a alface, como é que pergunto a uma velhota se posso ir pesa-la? Ou então, ela pergunta-me que recheio tem o bolo que escolhi (agora já sei dizer maçã). Nas aulas de yoga copio tudo, estão todos muito compenetrados em posições de equilíbrio e eu a espreitar, pelo canto do olho, e ao mesmo tempo a ver se não caio. Primeiro pensei que ia aprender checo, mas os curso aqui são muito caros e como tinha aulas de checo, sem pagar no emprego dos telefones, comecei a ir as aulas. Bastou-me ir a 3 para ver que não ia resultar, não era só o mau aspecto do prof mas o seu método, para além de aquele nível ir já adiantado em relação ao que tinha aprendido, o homem queria que eu fizesse os exercícios sem me explicar como os fazer! Enfim foi passando o tempo e não aprendi. Agora já sei fazer pedidos, mas nada muito elaborado. Coisas básicas só.

O racismo, isso é uma coisa que não é muito óbvia. De vez em quando lá se vê um skinhead, mas não dizem nada. O pior são os revisores, podem aparecer dentro do metro ou nas estações. Mostram-nos uma coisa, tipo distintivo, e nós temos de mostrar os bilhetes, não nos podem tocar, por isso podemos correr à vontade, a não ser que ele se faça acompanhar por um polícia. Assim que me vêem até correm só para verem o meu passe, se estão longe andam até mim. Só não me pedem o bilhete se não me virem. Há muitos vietnamitas a viver aqui, e as imensas lojas do chinês, há cada vez mais indianos ou paquistaneses (não sei), mas simpatizamos sempre e as vezes sorrimos.

As saudades são muitas, de muita coisa e de muita gente! Bacalhau com natas, por exemplo, já experimentei mas aqui só vendem postas frescas, uma fortuna e com metade do sabor. Mas o Gulash checo também é muito bom. O sol quase nunca o vejo, o meu irmão disse-me que estava branca e o meu pai também. Parece que o futebol é o que nos une mais. Junta-se um molho de portugueses e lá vamos nós ver a selecção no meio dos checos. Ao sabor da cerveja checa que é muito boa, a super bock que me desculpe, mas aqui são melhores. Acabamos, alguns bêbados, outros alegres a falar de Portugal num fado triste e nostálgico.

1 comentários:

viv disse...

Oito meses?! Nem me apercebi que tinha passado tanto tempo, mas já falta pouco para matar as saudades.. pelo menos assim o espero não é D. Bilma?!
Quando voltares cá estou eu para ouvir todas essas peripécias que tens para contar..
Vá volta depressa...

Beijo Grande