Quando pensamos que todas as leis são coerentes e que servem para, de facto, alguma coisa, enganamo-nos redondamente. Eu descobri-o da pior forma.
O objectivo era concretizar a candidatura de transferência para um curso no ISCTE. Os documentos pedidos eram, aparentemente, razoáveis. Para ser justa a transferência de um aluno do ensino superior estrangeiro para o ensino português, entende-se que o candidato deve provar a finalização do ensino secundário bem como a realização da prova da especifica correspondente ao curso, ao qual se candidata. Concordo, tal e qual como os alunos portugueses. Agora, o que já acho absurdo é que sejam precisos 4 papéis a certificar precisamente a mesma coisa! Um da escola de origem, outro da embaixada, outro do ministério e outro da escola secundaria!!!! Um dia inteiro na embaixada, uma manhã no ministério, uma tarde na escola secundária, somam-se dois dias de pura burocracia, sem contar com as horas de espera na infinita secretaria do ISCTE.
Devo, contudo dizer que, ao longo deste penoso percurso encontrei pessoas muito prestáveis e simpáticas das quais não poderia prescindir para completar o processo. Na embaixada, a senhora Martina desencantou uma tabela de equivalências entre as notas checas e a escala portuguesa de 0 a 20. Já no ministério, a senhora Fernanda Ratão conseguiu com que os seus colegas me despachassem o documento de equivalência do ensino secundário em algumas horas. Sem falar na senhora Gisela do ISCTE que esteve sempre pronta a ajudar-nos a obter a documentação necessária ou da directora da Ferreira Dias que ficou na escola, para além do seu horário de trabalho para passar a declaração. Fiquei contente por saber que ainda existem pessoas dispostas a ajudar outras em troca de nada.
Outra coisa que confirmei foi que os transportes em Lisboa são ridiculamente caros, numa cidade em que viajar neles é imensamente demorado e sem nunca nos levarem até onde realmente queremos sem sermos obrigados a apanhar 3 ou 4 autocarros ou comboios que, ainda por cima, pertencem a 1001 diferentes companhias. Do Cacém a Belém o autocarro custa 2.75€ por viagem, por pessoa, o que significa que a viagem fica 3 vezes mais cara andando de autocarro do que de carro, para já não falar que o autocarro nos deixa muito longe da rua a que queríamos aceder. E é então que penso: para quê um preço tão exagerado se só há autocarros de meia em meia hora, ou de hora a hora e só existem horários numa paragem (a de onde o autocarro parte), obrigando-nos a ficar na paragem sem saber se o autocarro chegará dentro de 2 ou 50 minutos. Depois percebi que só podia ser para o par de televisões que foram instaladas em cada autocarro! Cada empresa tem as suas prioridades!
Nos eléctricos da Carris, só se pode comprar o bilhete dentro do veículo que, por acaso, apenas aceita moedas. O quiosque da Praça da Figueira, aparentemente deixou de funcionar, por isso se não tivermos connosco 1.40€ por pessoa teremos de ir chorar por trocos a um café ou algo parecido. O comboio da CP e o metro parecem ser os mais decentes, apesar de achar o comboio ainda caro.
O Simplex devia estender-se às universidades também. E se não queremos ser o país onde mais se utilizam viaturas próprias, toda a rede de transportes portugueses devia ser repensada.